O ano de 2021 já começou com algumas mudanças significativas para o Brasil. O frete marítimo, na rota China-Brasil, disparou. No último trimestre de 2020 o custo das importações já sofria aumento, mas no início desse ano ele atingiu um patamar inédito de US$ 10 mil por TEU (medida padrão usada para contêineres), segundo levantamento de importadores e empresas de navegação. A exatamente um ano atrás, o custo dessa mesma rota estava na faixa dos US$ 2 mil por TEU.
Desde o mês de outubro vem ocorrendo o encarecimento dos fretes, devido a retomada mundial da economia e a maior procura pelos produtos chineses. Esse aumento não está acontecendo somente entre China e Brasil, as viagens da Ásia para Europa e Estados Unidos também atingiram valores acima da média, com mais de US$ 4 mil por TEU.
Esse aumento de preços se originou dos problemas logísticos e do grande descompasso entre oferta e demanda ocorrido ao longo de 2020. Entre março e julho, no auge da pandemia aqui no Brasil, foram canceladas 23 viagens de navios da China, isso significa que ficamos ao menos cinco semanas sem importações de contêineres do país.
Quando começamos a retomar os pedidos, começou também a recuperação da economia na Europa e nos Estados Unidos, levando a uma disputa acirrada por contêineres e embarcações. No início desse ano, praticamente todos os navios disponíveis no mundo estavam em uso, com isso os fretes dispararam.
Com a pandemia ocorreu a redução da eficiência na liberação das cargas em portos, terminais e armazéns, já que esses também foram impactados. Para tentar controlar a situação, as empresas de navegação acrescentaram 14 “extra-loaders” (navios adicionais), que ampliaram em cerca de 14% a capacidade na rota Xangai-Santos. Mesmo assim, essa medida não tem sido suficiente perante o número de demanda.
Com essa alta no preço, diversos setores sofreram reajustes nos seus preços, como por exemplo, produtos elétricos e eletrônicos. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), os reajustes do setor chegaram a marcar 90% de aumento.
Além de eletrônicos, a China é um grande exportador de roupas, e esse também é um setor que vai impactado com o aumento do frete. Os pedidos feitos pelo Brasil de roupas de inverno começaram agora, então é bem provável que tenhamos roupas mais caras que o normal nos próximos meses.
Segundo informações da Centronave, a disparada dos preços é fruto de uma combinação de fatores atípicos, ocorridos por causa da pandemia e o enfraquecimento econômico. A capacidade das companhias de ampliar a oferta, para reduzir fretes, é nula. Esse aumento de preços afeta apenas o mercado spot (com negociação imediata) e estima-se que entre 40% e 50% das importações da China para o Brasil sejam regidas por contratos anuais, com fretes mais estáveis.
Infelizmente no mercado, ainda existe muita incerteza sobre como os preços se comportarão ao longo do ano. A estimativa é que os preços continuem altos por mais dois ou três meses e depois comecem a sofrer pequenas quedas.